O racha interno no Democratas que levou à possibilidade de criação de um novo partido, marcou a reunião da Executiva Nacional do DEM hoje (15), em Brasília.
Os principais quadros do partido estiveram reunidos para eleger, temporariamente e por unanimidade, o senador José Agripino Maia (DEM-RN) como novo presidente. Agripino assumirá até dezembro o lugar do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que teve seu mandato encurtado depois de o partido encolher no Congresso Nacional nas últimas eleições.
Mesmo ausente, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, foi o principal nome citado nas conversas que precederam a reunião. A possibilidade de que o prefeito crie um novo partido – que será chamado de Partido da Democracia Brasileira (PDB) – e leve consigo deputados, senadores e até governadores do DEM, vem provocando reações divergentes no partido.
Para o líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), ainda é possível uma “conciliação” interna. “Você vai ver dois ou três fazendo bravata, mas não são os que têm voto, nem os que ganharam as eleições nos seus estados. O prefeito Kassab é uma liderança importante e nós, do Democratas, queremos muito que ele fique”.
O ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães Júnior também aposta que o racha pode ser revertido. Na opinião dele, a criação de um novo partido é complicada e pode prejudicar quem sair do DEM. “É um partido que não tem tempo de televisão e não tem fundo partidário. Agora, para manter as pessoas não podemos brigar, temos que conciliar para que as perdas sejam as menores possíveis”.
Apesar das tentativas de amenizar as divergências, alguns membros do partido já dão como certa a criação do PDB. É o caso do deputado Onyx Lorenzoni (RS), que considera que não há mais como o prefeito de São Paulo “voltar atrás”. “Ele já saiu pelo país todo prometendo a criação do partido, agora não há mais como não fazer o PDB”. Os estragos, contudo, devem ser pequenos. “Eu não tenho nenhum medo de dizer que saem cinco ou no máximo sete deputados. Numa bancada que tem 46, esse número não é relevante. A senadora Kátia Abreu também já deu todos os sinais de que deve ficar. Então, no Parlamento, fica praticamente igual”.
A possível saída da senadora Kátia Abreu é uma das principais preocupações que o novo presidente do Democratas terá que enfrentar. O partido, que tinha 13 senadores na legislatura passada, conta agora com apenas cinco. O encolhimento já provocou a perda de posições importantes nas comissões permanentes do Senado e a saída de mais uma senadora poderia ser ainda mais prejudicial.
Apesar disso, Kátia Abreu não confirmou que irá mesmo sair do DEM. Segundo ela, o novo partido só poderá existir se houver tempo de televisão para que os candidatos a prefeitos em 2012 possam ter condições de se eleger. Caso contrário, segundo a senadora, ele terá a função apenas de garantir a fusão com outro partido sem que os parlamentares percam seus mandatos. “Se houver esse tempo eu acredito sim na criação de um novo e belo partido”, afirmou Kátia. A lei eleitoral garante que um parlamentar mantenha seu mandato se sair do partido pelo qual se elegeu apenas para fundar um novo partido.
Kátia Abreu lembrou que o resultado desastroso nas eleições de 2010 e a aliança com o PSDB, considerada por ela como “humilhante”, estão entre os principais pontos de insatisfação para os dissidentes do DEM. Mas, tanto o ex-presidente do partido, Rodrigo Maia, quanto o novo, Agripino Maia, garantem que as alianças continuarão intactas. “Nós temos um nível de entendimento robusto que irá se manter. As alianças que o partido faz, elas seguem”, declarou Agripino.
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