O governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) reconheceu ontem que o estado encontra-se em dificuldade financeira e que será desta forma que a governadora eleita, Rosalba Ciarlini (DEM), deverá receber, embora organizado, o Executivo. Em entrevista à Rádio Caicó AM, o peessebista atribuiu às quedas nos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE) o problema de ordem financeira. “Estamos em uma crise que vem se arrastando desde 2008 até 2010. Nós estamos recebendo o FPE igual as nossas cotas de 2008, veja que de lá pra cá tivemos inflação, aumento do custo de vida, de gasolina, de gás, de energia, de salário mínimo e estamos recebendo a mesma cota”, enfatizou, observando, porém, que apesar da situação “desconfortável” e de “aperto” confia na reversão do quadro.
Rodrigo Sena
Iberê Ferreira destaca que assume sozinho a culpa pelos erros de campanha que levaram à derrota
Iberê disse ainda esperar que Rosalba Ciarlini faça uma boa gestão e assinalou que fará parte do grupo oponente ao DEM. “Eu farei uma oposição sim, mas não quero assumir o comando da oposição. Vou fazer uma oposição responsável, que não seja raivosa e nem radical”, ressaltou.
Ele disse que aguarda a definição, por parte do novo governo, dos seis membros da equipe de transição para que os trabalhos entre os dois grupos tenha início. E lembrou que já publicou o decreto que cria o grupo de transição. Disse também que colocou à disposição da futura governadora um espaço na vice-governadoria para que os trabalhos possam ser adiantados. “Pedi pra ela fazer a indicação de até seis pessoas, para que devidamente credenciadas possam fazer conosco uma transição transparente, mostrando todos os dados que forem solicitados. A nós interessa passar toda situação real do estado, para que Rosalba não perca tempo, depois que assumir. Isso faz parte do processo democrático”.
Sobre a derrota na eleição no final de outubro disse que assuma a integralidade da culpa sozinho. “A vitória tem muitos pais e a derrota sempre é órfã. Mas eu quero assumir a minha derrota. Eu assumo. Não foi ninguém. Eu acho que foram cometidos alguns erros, sou responsável por tudo e não me arrependo”, assinalou.
Na opinião do governador, o pouco tempo de campanha, ocasionado sobretudo pela doença a qual foi acometido, foi prejudicial, uma vez que não houve tempo hábil sequer de visitar todos os municípios. Além disso, enfatizou, as coligações que o PSB fez não ajudaram como deveriam.
Protagonista de uma cisão com o presidente da Assembleia Legislativa, Robinson Faria (PMN), antes de deflagrado o período eleitoral, Iberê reconheceu também que a saída do peemeenista do grupo também foi prejudicial. “Perdemos muito, apesar de não gostar de relembrar erros. Mas por exemplo, a escolha do nosso vice-governador foi muito demorada, e isso entrou aí essa história das coligações, a gente ficou aguardando como seria a coligação e isso prejudicou muito. Mas passou, serve como lição para que a gente possa evitar isso, em outras oportunidades”, finalizou a entrevista.
Déficit atual do governo está em R$ 180 milhões
O déficit orçamentário do governo do Estado, em outubro, vai ficar em torno de R$ 180 milhões, segundo o secretário estadual de Planejamento, Nelson Tavares, que faz a ressalva: isto não significa que a gestão atual deixará como herança um saldo financeiro negativo deste tamanho ou mesmo algum deficit. “Estamos trabalhando para até o final do ano revertermos esse quadro”, assinalou o secretário. Por lei, o governo que sai está impedido de deixar para o governo que entra qualquer resquício de restos pagar. A determinação é da Lei de Responsabilidade Fiscal.
O déficit financeiro que o governo soma atualmente é devido a dois fatores. O primeiro deles diz respeitos aos restos a pagar (saldo entre arrecadação e dívida), deixados pela governadora Wilma de Faria (PSB) quando do fechamento do orçamento de 2009. A balança pesou negativamente em R$ 450 milhões, no entanto, uma série de medidas fizeram o remontar a R$ 150 milhões.
O outro fator é a queda do Fundo de Participação dos Estados (FPE), que chegou a R$ 150 milhões, mas que, graças a positiva elevação do ICMS, foi rebaixado a R$ 30 milhões. “Somados os R$ 150 milhões dos restos a pagar de 2009 e os R$ 30 milhões do FPE chegamos ao atual déficit de R$ 180 milhões”, concluiu Nelson Tavares.
Rosalba Ciarlini afirma que situação é preocupante
A governadora eleita Rosalba Ciarlini (DEM) afirmou ontem estar ciente de que os primeiros meses de administração no Governo do Estado serão problemáticos. Ela se referiu à crise financeira confirmada pelo governador Iberê Ferreira de Souza (PSB). Segundo ela, a situação é preocupante. “Por onde passo se tem notícias da paralisação de programas sociais”, afirmou. “Estou preocupada. Se o próprio governador e os que o fazem afirmam isso, imagine o problema grande que vou enfrentar. Estamos conscientes das dificuldades que iremos enfrentar, mas estamos com disposição e fazer o RN acontecer”, disse.
Rosalba preferiu não fazer alardes políticos sobre o quadro financeiro do Rio Grande do Norte, e voltou a falar na paralisação de alguns programas sociais, como as Farmácias Populares, e na ameaça de fechamento de alguns restaurantes populares e na suspensão do Programa do Leite. “São programas sociais que não podem parar. Sabemos das dificuldades e vamos encontrar soluções. Sei que o começo não será fácil e tenho plena consciência. Mas contarei com a compreensão do povo potiguar nos primeiros meses”, comentou. Segundo ela, a expectativa de transformação administrativa é presente em todo o Rio Grande do Norte, tanto que foi eleita governadora ainda no primeiro turno. (Com informações do Jornal de Fato)
Fonte: Tribuna do Norte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário