quinta-feira, 25 de março de 2010

Após decisão do TRE políticos fazem convites para fechar novas alianças

Após decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/ RN), nesta terça-feira (23), limitando as coligações proporcionais às majoritárias, ou seja, permitindo apenas o sistema “casado com casado, solteiro com solteiro”, o deputado federal João Maia (PR) e o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB) divulgaram notas comentando a decisão da corte.

Nas entrelinhas da nota dúbia do senador peemedebista, lia-se um convite feito ao primo, deputado federal e líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), para apoiar a pré-candidatura oposicionista da senadora Rosalba Ciarlini (DEM) ao Governo do Estado. Algo que Garibaldi já faz há um bom tempo.

Ao saber da intenção do senador em puxar um aliado, o vice-governador do Estado reagiu com um contra-convite. Se recuperando da retirada de um nódulo maligno no pulmão esquerdo, Iberê Ferreira de Souza (PSB) concedeu entrevista por telefone ao Jornal 96, da 96 FM, na manhã desta quarta-feira (24). Do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, Iberê aproveitou o espaço na mídia para fazer um convite ao senador Garibaldi Filho.

Ao invés de Henrique ir para o lado dos Democratas, Iberê fez um apelo pela união do PMDB em torno de sua pré-candidatura ao Governo do Estado, dentro do arco de alianças que dá apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Quero convidar Garibaldi para se somar ao PMDB de Henrique e estarmos juntos no mesmo palanque”, disse.

O que há de fato é a indefinição do PMDB, dividido entre dois líderes, e muitos “pretendentes” interessados na “noiva” mais cobiçada do momento. Quem vai chamar o PMDB para a “paquera” é o ex-prefeito de Natal e pré-candidato pelo PDT, Carlos Eduardo Alves. “Aguardo e gostaria de contar com esse apoio do PMDB, porque acredito que temos afinidades”, declarou o Alves, após decisão do TRE, que proibiu a formação de coligações proporcionais desvinculadas das majoritárias.

Esse não era o entendimento do advogado do PMDB, Paulo de Tarso Fernandes, que compreendia que o PMDB poderia não se aliar majoritariamente com nenhuma candidatura, acreditando que, assim, ficaria livre para fechar composições para deputados estaduais e federais com qualquer legenda.

Diante do entendimento do advogado, já era quase certa a aliança da legenda com o PR. Mas após decisão do TRE, como disse o deputado federal João Maia, “recomeçaram as negociações”. Nesse recomeço, a governadora Wilma de Faria e o deputado Henrique se reuniram, na terça-feira (23), na casa da peessebista, para avaliar as consequências da decisão do Tribunal e buscar uma saída para está “sinuca de bico”.

No encontro, Henrique reafirmou seu apoio à candidatura de Iberê, mas defendeu que os partidos da base aliada do presidente Lula devem buscar uma alternativa para compor as chapas proporcionais. Após analisar todas as possibilidades, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados levantou a alternativa de fazer uma composição entre PMDB, PR e PV para a proporcional.

Mas para isso, o sistema da governadora Wilma de Faria (PSB) teria que abrir mão do PR na majoritária, o que implicaria na perda parcial do tempo de TV dos republicanos na campanha eleitoral – tempo que seria redistribuído entre as todas as candidaturas majoritárias.

A quem diga que a governadora poderá concordar em liberar o PR, tudo para evitar um dano maior, que seria a ida de “mala e cuia” do PMDB para o DEM. Diante do risco, a governadora estaria conformada e convencida de que é preciso escolher o menor dos males.

No entanto, Henrique disse à reportagem do Nominuto.com, na tarde desta quarta (24), que as decisões sobre o rumo do PMDB só devem ser tomadas após conversa com o vice-governador Iberê Ferreira. “Qualquer decisão vai depender de uma conversa com Iberê. Estou aguardando ele chegar para definir com ele”, disse Henrique.

O deputado não adiantou o teor da reunião que pretende ter com o vice-governador, porém Henrique deve combinar com Iberê uma forma de garantir a aliança nacional PT/ PMDB no estado, ou propor uma nova composição.

Neste caso, uma possível reaproximação com o deputado Robinson Faria (PMN), ou ainda aceitar o convite do senador Garibaldi Alves (PMDB) e seguir com o DEM de Rosalba Ciarlini na disputa pelo comando do Executivo estadual.

Porém, o professor de direito da UFRN e especialista em legislação eleitoral, Erick Pereira, defende que o rumo das alianças no Estado, inclusive, decisão do PMDB, passa por conversa com a deputada Fátima Bezerra (PT), que pode “definir o jogo”.

“Fátima tem autoridade partidária, autonomia e idoneidade moral para discutir e cobrar compromissos ou não, discutir coerência ou não. Ela representa o PT que é hoje o fiel da balança”, observou.

Para Erick, a política em Brasília vai interferir nas coligações no Estado. “Fátima pode definir esse jogo, porque nós temos hoje um arco de alianças formado, onde o PMDB faz parte de uma base nacional, então, o PMDB ou vai fazer parte da oposição ao governo Lula ou vai continuar a fazer parte desse arco nacional”, destacou.

E faz sentido, afinal, o PT não aceitaria que Henrique se aliasse com o DEM e, com isso, concedendo o tempo de TV para os Democratas criticarem o governo do presidente. Se bem que nos últimos dias, o líder dos democratas, senador José Agripino Maia (DEM) tem amenizado e até feito elogios ao governo de Lula.

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